BENDITA SEJA
Roberto Rosendo
Bendita seja a solidão de agora,
Que de alegria me transborda a alma.
Bendita seja a solidão amiga,
Que no silêncio da poesia antiga
Traz renovado verso que me acalma.
Bendita seja a voz calada
Que sufocada na garganta, expira,
Sem mais ter forças pra cantar, murmura
Ao Criador do sofrimento humano
Pela presença imaculada e pura
Da única capaz de arrebatar-me
Das duras mágoas de um sofrer insano.
Bendita seja o meu sofrer ausente.
Eu já nem sei qual nome dar as penas
Se coloridas são. A mim, que importa,
Se em tudo vejo festa, e até poesia
Encontro numa simples folha morta.
Bendito sejam todos os caminhos
Que do passado trazem-me ao presente
De tanta luz que já nem sei qual sigo,
Por tanto céu que a solidão do abrigo
Descortinou-me aos olhos de poeta.
Bendita seja, ó vida companheira,
Nas sensações de todos os sentidos.
- Tocar, ouvir, beijar e ver, sentindo
O concreto das coisas se entreabrindo
Num abstrato real - tão bem vivido.
Nossas homenagens ao Autor
CL Roberto Rosendo
Livro: UNI...VERSOS - 2011
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